quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Do tempo


Era demais querer que o bem fosse compartilhado, o prazer da sua companhia nas lembranças, era demais pedir que ela também sentisse de alguma maneira a falta, a falta de bem mais que dizer eu te amo, a falta da completude que não se faz só pelo outro, mas que passa pela presença do outro, e nesse vil instante ela era o outro, Martha e seus dezessete anos, Martha reascendendo na memória, a encontraria na festa mais a noite, a desconhecida dos telefonemas esparsos, com um filho adulto e marcas no rosto, sua pulsação acelerava pela certeza do encontro, pelo improvável do encontro. Quanto mais os minutos se arrastavam, mais seu corpo tilintava saudoso.

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