Olhava incrédula para ela fumando um cigarro. O rosto emoldurado pela fumaça. O quarto de paredes de madeira pintado de branco. Um descascado aqui, outro acolá, a janela de vidros largos por onde entrava o frescor da maresia. Ela, que nunca vira com um cigarro entre os dedos, fumava. Ela que há muito, muito pouco tempo, era apenas uma amiga. Os cabelos longos cacheados sobre os ombros, os seios fartos, de uma nudez de naturalidade quase indecente. Os olhos serenos do amor consumado. Então era isso, será que era mesmo isso o que se denominava amor? O sangue acelerava pelas veias, o coração palpitava se ela a encarasse nos olhos. Na falta de um gesto pequeno que fosse, levantou-se em direção ao banheiro. No caminho, um gato dormia sobre um par de havaianas.
3 comentários:
Quero verão assim. E que venham mais.
belissima descrição. Os detalhes determinam o quanto um momento é importante. :)
olha a chuva inspiradora!
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