domingo, 13 de maio de 2007
Banho
Foi no chuveiro, enquanto arrastava com o pé o sabonete pelo azul do azulejo, que a sensação insinuou-se no canto esquerdo do box, ela ainda olhou na direção da cortina e fixou-se por segundos no mosquito azul estatelado contra o plástico fundo branco, fez um movimento giratório com o pescoço sentindo a água quente bater nas pálpebras e escorrer pelo rosto, olhos bem fechados e a clareza sorrateira, pegou o sabonete com a mão e esfregou bem o corpo para ver se afastava de si tamanha desilusão. Respirou fundo por duas vezes, e entre uma golfada de ar que adentrava e outra que saía de seu pulmão, acompanhou atônita a esperança a descer pelo ralo.
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6 comentários:
oi oi oi...
Adorei seu blog.
palavras profundas sempre tocam.
adorei os desenhos tbm .. sao teus??
bjos
...Sim, às vezes desejamos ser água e deslizar pelo ralo, em outras desejamos virar vapor e ir até as nuvens... Momentos, trânsitos, ondulações... Beijinhos, querida.
(aconteceu algo curioso: na noite passada, sonhei com o livro "Elas contam tudo", parece-me que via-o nas prateleiras de uma Feira de Livros, na rua, ou em uma livraria, algo assim!...)
Banho triste....
necessário!
Adoro a delicadeza!
Convido-me para o banho!
rs bjo
:(
e sem saberes.. lês-me tão bem..
tantas vezes eu desejei descer ralo à baixo e quem diria que alguém um dia descreveria tão bem algo que achei tão particular meu. surpreende-me sua narrativa profunda que capta a essência do sentimento. amei.
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