terça-feira, 3 de julho de 2007

Festa


Mal a porta abriu e a mão dela foi certeira no seu punho, com vigor, forte, puxou-a para dentro da sala sem muito a dizer, sem nada a dizer posto que tudo fora dito e nada esclarecido, mas nesses momentos era melhor mesmo que a porta fosse aberta assim só um pouco, antes que as diferenças entrassem também e o ambiente ficasse improvável. Era a mesma mão de anos atrás, a mesma pele, mas era outro o toque, o desespero na ponta dos dedos pressionando com exagero, a rigidez da mão em torno do seu punho fino cadeado por longos dedos, no começo sentia apenas o toque, antes do olhar, antes do encontro maior que se concebia, e ela sabia o que aconteceria, nestes primeiros milésimos de segundo quando o toque fora constituído o desenlace se fez, pressentia a falta de coragem dentro de si para um não, para o não, e se deixava conduzir pelo desejo, pelo arrepio que lhe percorreu o corpo e lhe estremeceu entranhas. Quando a mão deslizou por seu braço, ela era já toda bicho entregue, puro instinto primário, e compreendia perfeitamente que o seu corpo era uma festa.

2 comentários:

Anônimo disse...

"""....se deixava conduzir pelo desejo, pelo arrepio que lhe percorreu o corpo e lhe estremeceu entranhas...""""...PALAVRAS NAO CABEM em meio a esse fogaréu que entorpece os sentidos...a não ser as suas, traduzindo essas sensações pra gente - puro deleite!

Thaís disse...

Vou pular a janela e deixar as portas abertas...