serenade for the doll
O som do motor do carro se afastando, zunindo no ouvido feito mosca varejeira presa em quarto escuro, a terra em pó no meu rosto parado no portão. O azul do carro esmaece, se confunde com o azul do céu, ela foi por essa estrada sem caminho, como se sorrisse, fugindo. Os monstros em cima do muro de tijolos caiados, esperando, esperando, caminhando daqui para ali, de lá para cá. Ele segue pelo céu azul, como na música, pega o trem azul, o sol na cabeça, o calor na cabeça. No corpo, a febre. Eu estendo a mão, as duas unidas em formato de concha, aqui faz frio nas minhas mãos do lado de fora do cobertor, em concha as ofereço, ela pega, me olha e não diz nada. O trem chega na estação, elas descem, uma a uma pela porta da frente, o carro tem só duas portas, o vestido dela prende no banco e se rasga, um rasgo enorme desde a perna até onde o céu encontra o mar. A alvura da pele ofusca os olhos fugida pela fenda no azul escuro do tecido. No quarto, ela fecha a cortina guardando para mais tarde o facho de luz forte do dia que se esmerava pela beirada da cama.
8 comentários:
...O céu azul era fogo, mas era aquele olhar dela com um centésimo de atraso quando ela virava o rosto que me queimava, o ceú todo azul...
Decreto que esse conto é meu. Quase feito da minha retina.
Um beijo!
se rasga, um rasgo enorme desde a perna até onde o horizonte. Gostei muto! Um barulho enorme de tecido rasgando.
Lindo,adorei a expressão das mãos frias.Intenso.Obrigada por sua visita ao meu blog.Abraços.
isto é poesia!
beijo.
quer mergulhar avec moi?
obrigada por visitar meu blog...adorei o seu...sucesso...
ah, se desejar, ouça este verso na voz de DETH HAAK
http://www.recantodasletras.net/audios/poesias/13025
meu blog é www.cordelirando.blogspot.com
Que lindeza. Que delicadeza. Que íntima música. :)
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