domingo, 12 de julho de 2009

Casamento



Quem visse Janaína cruzar a rua àquela hora do dia, com um sol luminoso a confundir sua pele translúcida com réstias de sol, jamais pensaria que aquele era um dia ruim de sua vida. Vinha ela às pressas, num vestido etéreo, do casamento de sua prima. A festa ainda agora começava, as pessoas procuravam por seus nomes em delicados cartões de papel sobre a mesa, Márcia estava feliz por compartilhar a mesa com Tadeu – adivinhavam-lhe os pensamentos, a família Souza toda reunida espremia-se em volta da mesa de modo que todos se acomodassem, a noiva e o noivo, agora já mulher e marido ocupavam a mesa central numa posição em que todos os mantinham à vista, e Janaína voltava para casa. Havia algo de muito humano dentro dela, de muito dolorido também, algo que sua tenra idade debatia-se em compreender, como explicar a si mesma aos onze anos uma percepção intuitiva de que perdia o desejado amor da prima.

2 comentários:

lidi disse...

Isso me lembrou o Jabor e o seu primeiro sopro de amor, aos seis anos.
O que, para a Clarice, seria a epifania. O que, para Drummond, o primeiro amor passando (e o coração continua)...

Anônimo disse...

Isso me lembrou o Jabor e o seu primeiro sopro de amor, aos seis anos.
O que, para a Clarice, seria a epifania. O que, para Drummond, o primeiro amor passando (e o coração continua)...