sexta-feira, 23 de abril de 2010

Quatro



E cá estou eu sentada uma vez mais na sua cama bem no meio de um feriado prolongado. É sexta feira à noite e os meus braços estão enrolados em volta do seu corpo, ela sentada no meu colo com o corpo encaixado. Eu posso sentir a sua respiração. Um suspiro mais forte sinaliza que talvez ela não esteja aqui.
Você não está aqui, está?
Ela enrijece o corpo e diz o que queria dizer há algum tempo:
Não.
Um vento fresco entra pela janela por onde se ouve o barulho das folhas das árvores farfalhando.
Você tem outra pessoa na sua cabeça?
Ela se demora uns segundos para responder, o que já é uma resposta, e mesmo assim opta por não mentir.
Sim, eu conheci alguém.
Tenho vontade de perguntar mais sobre ela, seu nome, como ela é, se é bonita. Mas isso abriria um caminho que eu não estou disposta a percorrer. Ela vira-se na minha direção e me abraça, ficamos face à face por uns instantes.
Você irá vê-la em breve?
No próximo feriado, eu acho.
Parece que ela se esforça em dividir a sua história comigo respondendo a todas as perguntas, eu já divido a história com ela.
Por que você não vai hoje mesmo viver essa situação?
Você não entende essa situação.
Sim, eu entendo.
Ela também tem outra pessoa.

6 comentários:

Cristina Parga disse...

:)
está perfeito...lindo.
(adoro Fante, e o Bandini é o meu "herói" preferido)

lisa disse...

Não somos de ninguém e nem de nós mesmos.Perfeito

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

"Tenho vontade de perguntar mais sobre ela, seu nome..."

É difícil, mal a pessoa acaba/começa de contar uma história e essa já faz parte da nossa própria ficção

Anônimo disse...

Nossa gostei do conto. Essa situação de entendimento no final me surpreendeu... Adorei. Voltarei mais vezes para te ler.
Abraços
Líria

ntsr disse...

ahan cláudia senta lá