Aborrecimento

Descobri, talvez soubesse há um bocado de tempo, quem atrapalha a vida, e nem me surpreendi, me surpreendo cada vez menos, ficou tudo assim menos surpreendentes do dia pra noite, ou andei vendo demais por aí, vi também o que não devia e muito menos queria, e quem não viu, isso iguala a gente, quem sabe, tem o sexo, esse faz alguma diferença e os livros e o cinema, e acabou, tem bicicleta também, mas pra essa precisa de muita vontade, que nem com dois expressos duplos eu arranjo, cinema é bom, e nem vem com essa de que mesmo quando é ruim é bom porquê quando dá pra ser ruim é ruim mesmo, tá duvidando, vai lá e faz uma sessão da tarde com Titanic, A vida é bela e qualquer comédia romântica americana com a Meg Ryan, só não vomita em cima de mim depois, mas voltando ao assunto, assunto muito batido, e que ainda enche as salas dos analistas, alguém sempre fica com o lado bom, da vida atrapalhada, to falando desses dias em que tudo o que é para fazer é exatamente o que não quero fazer, e arranjo desculpas, um café, a internet, um livro e o tempo passa, mas eu sabia, desde o começo, porque eu sou assim meio previsível, você não é não, imagino, eu sabia que teria bastado vestir uma bermuda, uma camiseta, tava quente por aqui e estava só de calcinha mesmo, se nunca experimentou devia, os meninos também, sem preconceito, recomendo. Bom, bermuda, camiseta e chinelo, a chave da casa e dar uma volta, uma voltinha sem compromisso, não dessas pra ir pro trabalho ou pro supermercado, mas dessas sem rumo, pra olhar cachorro na rua e perna de mulher, isso eu também recomendo, quando eu ando não penso, ou penso muito pouco, pior ainda é achar que quando eu não ando penso, mas essa coisa de ares, ajuda, mas também não fico muito tempo lá fora que toda rotina desnorteia a mente da gente, é só um pouquinho que depois eu sei que tem um monte de chatice me esperando, mas aí faço chatice lembrando de perna. Pensando nisso vou mesmo parar de encher o saco de vocês, pegar a minha chave e rua. Até.