domingo, 3 de dezembro de 2006

Ao pé da estrada


Dia frio feito inverno, enrijece as pontas dos dedos, das meias idéias que se apresentam, fico assim esvaziada, de olho vazado vendo metade, alucinando na beira da estrada, aperto bem o pouco da vista que sobra e a sombra cresce, espichada, saída da capoeira. Sento esperando, a morte, a sorte, nesse gelado do campo, com o dedo encrespado na guanxuma, nem medo tenho mais, e o bicho balança longe, com o pé na estrada, na reta infinita de sol nascendo, tem hora que capenga, homem sem cara, nem água mais tenho. Balanço pouco nesse equilíbrio velho, nem nada mexo, espero, uma mão acalenta a outra no esfrego vez em quando, bem pouco entendo da coisa vindo arrastada, bem pouco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando li estas palavras, senti uma ternura, e tanto tempo havia sem que as palavras falassem tão perto.Beijo e hasta!Re.