domingo, 18 de março de 2007

Coca Cola


Fui até a geladeira e peguei a mais velha das coca-colas, a coca cola ancestral, sem bolhas, choca, no fundo da garrafa, e não perdi a pose, enchi uma taça longa com cubos de gelo e mergulhei neles o líquido escuro, nem gosto mais de coca-cola tinha, era só a vontade, uma vontade que não era de água, embora eu beba muita água, uma vontade de algo doce suportável, pois que não suporto açúcar. Depois do primeiro gole a vontade não se foi, insatisfeita pelo gosto, não por ela ser uma anciã na porta da geladeira, mas por ser outra a vontade em forma difusa de coca cola, bebi outros goles, a vontade era mesmo impossível de matar e a sede continuava, abrandada por três ou quatro goles, via agora as bolhas de água escorrendo pela parede externa da taça, uma taça já meio vazia de líquido escuro, de morte lenta e certa.

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