segunda-feira, 12 de maio de 2008

Tempo



O movimento dos corpos pesados da direita para a esquerda e da esquerda para a direita fazia fremir a água morna da piscina, uma vez ou outra, do teto pendia uma gota do vapor condensado no teto tal era o contraste da temperatura dentro e fora do prédio. O céu estava azul e ensolarado, embora em nada isso servisse para espantar o frio. Nenhum vento no rosto ou transpassando os minúsculos orifícios do tecido vindo tocar a pele resguardada, apenas o gélido ar cruzando as narinas, percorrendo as vias respiratórias e deslizando morno pela boca afora.Vinte e três na piscina àquela hora da manhã, cedo ainda para preparar o almoço, já tarde para levar o filho à escola ou chegar no trabalho, embora destas mulheres apenas os netos ainda freqüentassem a escola e os tempos de trabalho oficial há muito se haviam encerrado. Buscavam no balançar da água um pouco de vida, um pequeno universo se reproduzia três vezes por semana, a agitação pré-escolar na terceira idade buscando não se sabe bem o quê, a risada muito alta de uma procurando insistentemente uma adolescência que se foi, o rosto sincero da outra que, na perda do marido, reencontrava o mundo, o exercício metódico de uma terceira acostumada a governar empresas e agora desvendando águas. Corpos exercitando equilíbrio, força e coordenação. Depois, uns poucos passos até em casa para algumas, dois ônibus pela frente para outras ou ainda um carro conduzido com cuidado pelas vielas da cidade. Elas retornam para apartamentos vazios, ou para a companhia de cães, gatos, livro, do marido, da música, de filhos e lembranças que colhem na memória em dias de chuva.

6 comentários:

Fabrício Persa disse...

hi.. Adorei o blog !!
ótima temática !! =D

vou apresenta-lo a uma grande amiga minha. Ela vai adorar. =D
bjO

Anônimo disse...

oi, achei os posts incríveis. quero ler mais, fico esperando novidades. seria bom te conhecer mais, de mais perto. vamos trocar e-mails?
anote o meu>joanaarcoiris@yahoo.com.br
espero você na minha caixa postal, ok!?

Anônimo disse...

Naomi, conheci primeiro seu livro, o "A livraria da esquina" e acabei vindo parar em seu blog por acaso. :D

Um dos pontos mais interessantes, em suas narrativas, é justamente a forma como você aproxima o cotidiano do leitor, apesar do pacto ficcional se encontrar entre esses limites. Sempre acreditei que a literatura que envolve é justamente aquela que nos faz esquecer que há um pacto ficcional entre o leitor e o texto. A naturalidade, a leveza, o equilíbrio nas linhas é o que atrai. Não há exageros, nem firulas, nem excessos. Há um cotidiano possível, com personagens possíveis e com vivências marcantes.

Parabéns!

Beijos

Janaína.

Anônimo disse...

ei, mandei um e-mail para o seu yahoo.
Bjis.

Carol Szarko disse...

estou encantada com teu blogue.
parabéns!

já li alguns posts, mas lerei todos.

beijo

Katrina disse...

Eu não sei para o que eu voltaria